Na batalha de informação (e desinformação) do confronto político-eleitoral, quando o fanatismo domina, o jornalista costuma ser o grande inimigo dos políticos, principalmente dos intolerantes e autoritários candidatos e seus míseros militantes. Se, “na guerra, a primeira vítima é a verdade”1, o jornalista e os meios profissionais de informação são a última reserva contra a mentira e a desinformação. Precisamente porque são eles que têm a missão de apurar os fatos e as informações, confrontar e comprovar depoimentos e afirmações, questionar as narrativas e, depois de processar e organizar, divulgar através dos diferentes meios de comunicação. Numa época de pós-verdade, quando as redes sociais dão a palavra a uma “legião de imbecis”, na expressão de Umberto Eco, com o poder para difundir suas versões e propagar seus preconceitos, os jornalistas e a imprensa profissional são a grande proteção contra a falsidade e as manipulações dos fatos. Por isso, Bolsonaro e sua legião de seguidores odeiam os jornalistas e não se cansam de atacar e ameaçar os órgãos de imprensa e os profissionais que, na sua prática cotidiana, vêm demonstrando as mentiras e falácias do bolsonarismo.
É longa a história de agressões e ameaças à imprensa e intimidações aos jornalistas pelo próprio presidente da República e por seus seguidores. Da provocação direta e presencial, como a agressão de Bolsonaro à jornalista Vera Magalhães durante o debate eleitoral da TV Bandeirantes, à intimidação durante reportagens e às mensagens ameaçadoras pelas redes sociais. Como parece que, além detestar a verdade, eles são misóginos, a aversão dos bolsonaristas se concentra justamente sobre as jornalistas. Segundo Abraji-Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, até o dia 9 último, foram registrados, através das redes sociais, 66 ataques e 22 eventos de violência contra as mulheres jornalistas no Brasil. A imprensa livre e o respeito à atividade profissional dos jornalistas são pilares centrais da democracia, de modo que a defesa da democracia passa pela rejeição às agressões e atitudes que cerceiam a liberdade da imprensa e o livre exercício da profissão de jornalista. Tudo que o bolsonarismo não suporta e não admite, precisamente porque é a informação legítima que pode fazer desmoronar o edifício de mentiras e intolerâncias.
1 A frase é atribuída a Ésquilo, a Philip Snowden e a Samuel Johnson.
Revista Será?
Um Projeto Editorial Integrado e Independente ao IEPfD
www.revistasera.info
Democracia Hoje - Artigos
É Tempo de Reconciliação
João Rego #democracia #pacificação #governolula O Brasil, ontem, deu uma lição de democracia para o mundo. Uma aula de civilidade, por parte da enorme maioria dos eleitores, e de competência, por parte do TSE, na vigilância e apuração dos resultados da eleição. O...
Manifesto por uma campanha pela erradicação da fome e da má-nutrição no Brasil
Jean Marc von der Weid Jean Marc von der Weid, 8 de outubro de 2022 O drama da fome assola o quotidiano de 33,1 milhões de brasileiros. A má-nutrição afeta a saúde de outros 94 milhões. Temos um alto índice de obesidade e sobrepeso que se combina, em muitos casos, com...
O Brasil está de volta
Sérgio C. Buarque A democracia venceu e saiu fortalecida das eleições. Mas o futuro do Brasil ainda é muito incerto. A grande incerteza sobre o futuro do governo Lula reside na economia. Como ele vai administrar as suas promessas eleitorais e as enormes demandas...
Uma economia de mercado que funciona em meio a iniciativas que reduzam estruturalmente as diferenças socioeconômicas, fortalece a democracia e suas instituições e ajuda a afastar do poder lideranças despóticas que queiram utilizá-las como instrumento de ascensão política para exercer o poder de forma antidemocrática