Por que lançar mais um blog na rede virtual já saturada de informação? O que acrescentar a este alucinado bombardeio de dados, notícias e informações que circulam e inundam o planeta? Duas motivações podem justificar este empreendimento da Revista Será?. A primeira decorre de uma sensação de incômodo com a enorme poluição de informação e de mensagens, na sua maioria de limitado conteúdo, combinando concisão e velocidade com simplicidade e superficialidade. O excesso de notícias e informações tende a confundir e mesmo atrapalhar a reflexão, a análise e a organização do pensamento, a troca de ideias e conhecimentos e o debate aprofundado. “Será?” se propõe a ser uma revista de opinião e de debate de ideias, um espaço para a reflexão crítica e a troca de visões e interpretação do mundo contemporâneo.
A segunda motivação dos editores da “Será?” parece implícita na denominação da revista: a utilização da dúvida como método de observação e análise da realidade, questionando as verdades cristalizadas e estabelecidas – verdades e pré-conceitos carregados de emoção que inibem o pensamento crítico e paralisam a criação – duvidando do senso comum e das unanimidades, frequentemente carregados de enganos e simplificações. A revista, num formato de blog, não tem verdades nem convicções definitivas. Prefere a dúvida e a abertura intelectual que, estas sim, avançam no conhecimento e consequentemente na busca de soluções. “As convicções”, dizia Nietzsche, “são inimigas da verdade, mais perigosas que as mentiras”. O mais grave das certezas absolutas e definitivas é a paixão e a carga emocional que costumam carregar, impedindo um debate sério e equilibrado. Neste aspecto, vale a referência a outro filósofo, David Hume, para quem “todas as doutrinas que sejam favorecidas por nossas paixões devem ser objeto de suspeita”.
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