A visita do presidente eleito ao Egito, como convidado especial para a conferência do clima das Nações Unidas, abre um enorme leque de oportunidades para o Brasil diante do mundo civilizado. Agora, encerrados os tempos tenebrosos de um chefe de Estado insensível ao grave problema ambiental do planeta, os países desenvolvidos podem confiar em um tratamento responsável para a floresta amazônica, e oferecer seu apoio financeiro para proteger a maior reserva florestal do globo terrestre. E para isso, o prestígio internacional de Lula é inquestionável. Alvíssaras, a Amazônia está salva!
Porém, como nada é perfeito, nosso novo presidente parece ter momentaneamente esquecido as admiráveis linhas do seu discurso de candidato vitorioso, quando reconheceu e proclamou que sua vitória não havia sido apenas do seu partido, mas de uma ampla coalizão de forças democráticas, para quem se propunha governar. Para a viagem, aceitou a carona no jatinho de um empresário colaborador do PT, quando não havia necessidade disso. A crítica dos opositores não se fez tardar, e sabe-se bem que, em política, qualquer atitude que exija explicações ou justificações ao público já implica desgaste e restrições.
Além disso, em uma recente “afloração” populista, assustou o Mercado, esse “Deus ex machina”, com um aparente desprezo pelos controles fiscais das despesas públicas, em uma falsa opção entre “teto de gastos governamentais” e “teto das receitas populares”. Aparente desprezo, cremos nós, pois ele bem sabe que o descontrole dos gastos públicos leva à inflação, que é o pior dos impostos para os brasileiros pobres. É certo que o “Mercado” não merece nenhum tratamento hagiológico, mas todos sabemos que não vivemos sem ele.
Para encerrar, cartão amarelo para os ministros do nosso STF, que, após impecável atuação, ao lado do TSE, nas recentes eleições, escolheram Nova Iorque para uma reunião que bem poderia ser realizada no Brasil. Para passear? É fato que a reunião foi promovida e patrocinada por uma organização brasileira, mas, também neste caso, as explicações são desgastantes.
Vencemos a barbárie e a ditadura, preservamos a civilização e a democracia. Mas devemos permanecer vigilantes.
Revista Será?
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