Luiz Otávio Cavalcanti
Por um lado, episódios de extremismo político. Por outro lado, instituições e estudos sendo feitos nos Estados Unidos, na Europa e outros países, para analisar o problema.
Na escola de Negócios de Stanford, uma das prestigiadas universidades dos Estados Unidos, há exemplo relevante. Lá, funciona o Laboratório de Polarização e Conflito. Seu objetivo é pesquisar eventos relacionados com violência política. E discutir alternativas de solução.
Outro exemplo. Também nos Estados Unidos, existe o Carnegie Endowment for International Peace. Trata-se de agência privada de análise geopolítica. Segundo estudo recente, foram abordados casos de polarização nociva entre 1900 e 2020. Concluiu-se que, metade dos 105 casos identificados, foram reduzidos ou eliminados.
Iniciativas semelhantes são produzidas na Europa. Em 2016, o Forum Europeu para Segurança Urbana – EFUS adotou uma linha de argumentação. Para a instituição, é preciso adotar medidas de prevenção à polarização. E não apenas medidas de solução quando o problema já está instalado. Prevenção. Antecipação ao problema. Criar condições para evitar o conflito. Por intermédio de políticas de segurança pública.
Políticas de segurança pública voltada para prevenção de conflito político. Esta é a diretriz. Apropriada cientificamente. E eficaz politicamente. Trabalhar por antecipação. As causas. E não depois de instalado o conflito.
Essas entidades reúnem experiência importante na análise e resolução de conflitos políticos. Eles sugerem como causas principais:
1 – O motivo de conflito nos países é diferente para cada um. Mas a dinâmica do conflito é sempre a mesma: medo e pressão para tomar um lado;
2 – A solução passa pela identificação de pontos comuns de acordo entre as duas partes. Ao invés de aprofundar as diferenças, trabalhar os aspectos próximos de entendimento e consenso;
3 – Em vários casos, o conflito surge em decorrência da perda de identidade de grupos sociais. E de dificuldade de lidar com a globalização. Por isso, políticos de extrema direita crescem a partir de conceitos ligados a nacionalismo. Que foi a pedra de toque no nazifascismo. E também por isso é necessário formular políticas de civismo inclusivo.
Na prática, apoiadores se sentem mais confortáveis em movimentos grupais. E, para fugir de agressividade, se abrigam em bolhas. Favorecidas por redes de comunicação que transitam nas mídias sociais.
Dado importante, apurado tanto na América quanto na Europa, é que extremistas não passam de 30% do total de apoiadores. As informações sugerem que estacionar em porta de quartéis, depois de eleição, é ato inócuo. E que não produz resultado.
P.S Artigo originalmente publicado na Revista Será?
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