O presidente Jair Bolsonaro foi longe demais. Ele não governa, não sabe nem disso gosta, deixa o Brasil afundar na crise, porque não tem interesse em nada de sério, gastando suas energias perversas na agressão às instituições democráticas e numa conspiração golpista. No meio de uma grave crise econômica, recessão, inflação, desmantelo fiscal e suas consequências sociais e políticas, Bolsonaro pensa apenas da manifestação de 7 de setembro, quando espera criar o ambiente para um autogolpe. Entretanto, uma semana antes da ameaçadora manifestação, a elite econômica do Brasil reagiu. No início da semana, a FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e a FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos costuraram um documento, assinado por 200 entidades, no qual manifestam a “grande preocupação com a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas”. Não citam o presidente, mas é evidente o destinatário da mensagem. Capitularam depois, escondendo o manifesto, mas já estava publicado, e deixa clara a posição de grande parte do alto empresariado brasileiro, que não aguenta mais o desgoverno.
Mais direto e contundente que este manifesto da FIESP/FEBRABAN foi o abaixo assinado divulgado no domingo pelos empresários do agronegócio brasileiro, defendendo a Constituição que, afirmam, “definiu o Estado Democrático de Direito no âmbito do qual escolhemos viver e construir o Brasil com que sonhamos”. Quando diz que “o Brasil não pode se apresentar à comunidade das nações como uma sociedade permanentemente tensionada em crises intermináveis ou em risco de retrocessos e rupturas institucionais”, o abaixo-assinado do agronegócio deixa muito evidente a crítica ao comportamento permanentemente beligerante do presidente da República. Este distanciamento, quase ruptura do agronegócio, ganha ainda mais importância pela sua força em algumas regiões (Sul e Centro-Oeste), onde Bolsonaro costuma ter mais apoio. Com estas lideranças do grande capital engrossando a oposição, Bolsonaro está encurralado. Mas, cuidado! Pode acelerar o seu surto psicótico, com o risco de um impulso aventureiro no dia 7 de setembro.
Democracia Hoje - Artigos
Lula, o pacificador – Editorial da Revista Será?
Ainda é muito cedo para avaliar os rumos do terceiro governo de Luís Inácio Lula da Silva. Os dois primeiros mostram aspectos positivos e grandes equívocos. Ao longo da sua história liderando o PT, Lula impregnou a política brasileira de arrogância e hegemonismo, a...
O trator eleitoral – Editorial da Revista Será?
O presidente da República, candidato à reeleição, vem, sistematicamente, passando um trator sobre todas as regras republicanas, e cometendo sucessivos crimes eleitorais. Desde julho, quando aprovou o valor de R$ 600 do Auxílio Brasil, ele vem se empenhando na compra...
O Fascismo sai do Armário
Paulo Gustavo Um perfil de uma rede social postou recentemente a seguinte frase: “Ninguém imaginava que dentro do armário tinha mais fascistas do que gays”. A tirada vem a propósito. A ascensão de um extremista como Bolsonaro fez de fato o armário se abrir. Com isso,...
Uma economia de mercado que funciona em meio a iniciativas que reduzam estruturalmente as diferenças socioeconômicas, fortalece a democracia e suas instituições e ajuda a afastar do poder lideranças despóticas que queiram utilizá-las como instrumento de ascensão política para exercer o poder de forma antidemocrática